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Em 2018 estava indo eu, o jovem Edu, assistir ao filme do Venom, o filme começava, aparecia o logo da Marvel e tudo aparentava ser mais do mesmo, mas com algo diferente, o filme tinha um ar de terror misturado com ficção cientifica, com uma pegada um pouco mais expositiva para filmes de origem e dava várias piscadas para filmes de gênero, se importando em criar cenas soltas, com inúmeras informações como ganchos, mas construindo uma tensão forte na parte visual, sendo quase uma cena dos novos jogos do Resident Evil.
Logo o filme embarca na gloriosa vida de perdedor do Eddie Brock, que, em poucos minutos sabemos tudo sobre essa gloriosa vida e que ele perdeu tudo em um estalar de dedos, além de o filme jogar inúmeras frases de efeito e o Tom Hardy esta sempre acima do que o tom pediria na atuação, sendo por vezes meio cínico, a estética muda drasticamente em vários momentos, às vezes um filme do Michael Bay outra hora um Exterminador do Futuro.
Vale cita até o mal gosto, pois como filme de herói ou vilão, já que ta na moda esse novo subgênero, ele se aceita como caricato como qual quer outro filme do gênero, é tudo bagunçado, com Eddie tendo seus tiques e o Venom querendo tudo para ontem, como uma patricinha mimada de qual quer obra que passa esse estereotipo, se não, sabe-se lá o que o Venom poderia fazer.
O interessante é que o Brock não pediu para estar ali, ele pulou do precipício esperando algo e uma gosma preta o salvou e se ele é escolhido para algo, é somente para ser um fracassado e o Venom sempre mantém seu sorrisinho, que serve perfeitamente para uma série de memes de baixa qualidade com teor de duplo sentido, que eu particularmente gosto bastante.
Em 2018 o filme passou longe de ser marcante, os críticos caíram em cima dizendo que o filme era horrendo, além de outros adjetivos negativos que se possa imaginar, mas olhando hoje, com outros olhos, vejo que ele é marcante por outros motivos também, ele sabe ser somente um filme do Venom, fazendo várias apropriações com parasitas, afinal é um simbionte, além de pensar em sua marca com seus próprios aspectos, dês de cor a textura, até mesmo o sorrisinho. Isso é uma tentativa de filme, muito, muito menor se comparada a qual quer coisa da Marvel ou DC, dando um charme a mais, um filme POP sem todos os frufrus e importância que filmes da Marvel e DC tentam passar.
Venom é um filme que pega essas situações já batidas da fórmula de filmes de heróis e dará um olhar mais leve, mas torto, uma cena de perseguição pouco importa o que acontece, eu só quero observar o que o Venom fará ali ou como o Eddie irar reagir às loucuras dele. Várias cenas já conhecidas no gênero, mas jogadas na tela descontroladamente e quando tem uma pausa para se ver o quanto alto está a escalada, estamos na metade do filme, pois é um filme descartável, como todo cinema blockbuster atual.
Venom é no mínimo interessante: ele entende os movimentos da época, e sai atirando para todo lado, até encontrar seu público, a bilheteria adquirida com isso é a prova disso, fora a sua sequência, que entendeu o sucesso do anterior, não só por ter ligações com outros filmes, claro também por isso, afinal a Sony não poderia deixar de pegar uma fatia dessa bolo, mas também pelo seu exagero e a relação dos protagonistas, é quase um filme de Herói(ou Vilão), que é, na verdade, um filme de casal desajustado com uma convivência difícil.
Venom 2 é uma sequência extremamente pessoal se comparado a qual quer coisa já feita pela batida formula Disney/Marvel e Tom Hardy tem todo o palco para fazer o que quiser, além de ser um filme muito pirado, mas que infelizmente para nisso e não mostra tantas coisas depois, e morre na própria piada, mas não é como se esses dois filmes fossem obras de artes incríveis, eles tentam cumprir outro papel, não há de uma obra de arte, mas também longe de ser um filme de Herói genérico Marvel.
E nesse ano chegamos a Morbius, esse filme, ele parece muitas, muitas, muitas coisas, o Morbius parece o Noturno dos X-Man em alguns momentos, tem sua própria BatCaverna, no caso Morbius Caverna, parece os filmes de vampiro do começo dos anos 2000 e provavelmente se tivesse saído em 2000 seria só mais um filme qual quer, não um novo Blade e talvez esse seja um dos seus diferenciais, afinal, não tem outros filmes parecidos com isso hoje em dia, ele é quase um primeiro Venom quando tenta jogar várias coisas na mesa e achar uma para se apegar, mas, ao mesmo tempo, ele difere um pouco, pois também jogar seus temas para fora e tentar lidar com eles, apesar de confuso.
Esse tipo de filme têm se tornado cada vez mais curioso, quase chegando em uma ruptura, na fórmula de cinema de herói, claro, isso é algo que começou em Logan e Deadpool, lá atrás. Entre linhas, Morbius fala muito sobre esses ruídos que nasce com esse início de ruptura, seu rosto mudando a todo momento, quase como um erro, o barulho alto na cidade ouvido com seu sonar, o laboratório que deveria ser silencioso, entretanto é cheio de ruído de vários e vários morcegos, ou seja, inúmeras informações contrarias umas das outras em conflito na tela.
Se em Matrix Resurrection, temos Neo fazendo uma onda de silêncio, em Morbius seu poder é praticamente uma rajada de barulho com morcegos, em simultâneo. Morbius não tenta ser maior que realmente é, como muitos tentam, ele sabe seu tamanho, tudo é muito conveniente, até os espaços para os poderes dele funcionarem, chegando a ser um absurdo, mas tudo bem, o absurdo às vezes é bom de ver.
Gerald Leto funciona melhor aqui do que em Esquadrão Suicida, o que não é difícil, dado ao seu péssimo Coringa, em todos os sentidos. Eu particularmente não acho nem um desses filmes ótimos, de verdade, eles estão longe disso, mas também não penso que tenha sentido em você procura uma obra perfeita que alcance um patamar de sublime ou intocável, assim como Duna tentou fazer de qual quer forma, caçando esse patamar e querendo ser diferente de tudo, contudo essa ideia que Duna passa também é produtificada, a indústria Hollywoodiana realiza isso a todo momento, elaborando filmes bem mais produtificados que Venom e Morbius.
Eu não entendo como filmes como Homem Aranha, que juntou três gerações diferentes, mas que tem um clímax vazio e sem cor e depende exclusivamente do peso de filmes de outra geração para gerar uma comoção no público, ou o Vingadores que tenta usar do mesmo artificio de juntar personagens de filmes diferentes, são considerados uma obra-prima por parte da crítica e Morbius e Venom são um lixo completo.
Sendo bem sincero filmes como esses, tem bem mais coisas para se encontrar caso você resolva dissecá-los, do que a maioria do gênero, eles tentam coisas diferentes, se tornando filmes mais B de Herói (ou Vilão), acabando meio distante do restante, ou seja, é mais fácil sair algo interessante e mais próximo de uma obra-prima de verdade desses filmes, do que dos novos blockbusters reciclados da indústria.